O presidente da Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica (APEVT) considerou que a divisão da disciplina acaba com o conceito e metodologia aplicados durante 20 anos e criticou o fim de Educação Tecnológica no 3.º ciclo.
José Alberto Rodrigues falava à agência Lusa a propósito da revisão curricular apresentada esta segunda-feira pelo ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, em que é determinado que, no 2.º ciclo, haverá uma divisão da disciplina de Educação Visual e Tecnológica em duas áreas (Educação Visual e Educação Tecnológica), cada uma com um só professor. "Não se perdeu tudo, já que não avançou o projeto da disciplina ser semestral, mas o conceito e a metodologia desenvolvidos acabam por se perder com estas alterações", disse, criticando também o fim da Educação Tecnológica dadas no 7.º e 8.º anos. Para José Alberto Rodrigues, "durante 20 anos investiu-se numa disciplina, formaram-se professores, definiram-se currículos e agora os docentes desconhecem a sua situação futura" e não sabem o que vão lecionar.
Acho que a questão
principal não é o que vão lecionar mas...seremos de uma só rajada metade a ir
para o desemprego e mais uns pós aqui e ali...o futuro de EVT avizinha-se negro
incerto...
Nuno Crato anunciou hoje algumas alterações a vigurarem já no próximo ano letivo, ficam aqui algumas considerações:
Provas finais para alunos do quarto ano com influência na classificação final,
obrigatoriedade de frequência de Inglês durante cinco anos e possibilidade de
existirem blocos de aulas de 60 minutos. Estes são alguns dos aspectos inseridos
na versão final da revisão da estrutura curricular, hoje apresentada por Nuno
Crato.
A introdução de provas a Português e a Matemática no final do
quarto ano tinha sido já anunciada. Agora, o comunicado do Ministério da
Educação indica que, “muito provavelmente”, a avaliação externa no último ano do
primeiro ciclo irá contar para 25% da classificação final do aluno já em
2012-2013. Posteriormente, este exame terá um impacto de 30% na nota.
O
Executivo concretiza o objectivo de ter provas finais no último ano de cada
ciclo - 4º, 6º e 9º anos, além dos exames nacionais no Secundário.
Na
versão final da revisão curricular levada a cabo por Nuno Crato, a que se chegou
depois de uma consulta pública, continua a estar incluída a obrigatoriedade de
os alunos frequentarem Inglês durante cinco anos. Quer isto dizer que quando os
alunos entram para o quinto ano de escolaridade, terão mesmo de frequentar
Inglês como disciplina obrigatória, não podendo optar, nessa altura, por outra
língua estrangeira.
Só no terceiro ciclo é que os alunos poderão
escolher outra língua estrangeira. Contudo, têm, obrigatoriamente, de continuar
com o Inglês.
TIC no 7º e 8º, Formação Cívica acaba como
disciplina
Outro dos destaques é a antecipação da disciplina
ligada à informática. No currículo actual, a Introdução às Tecnologias da
Informação e da Comunicação está incluída no 9º ano. Com a revisão curricular,
esta disciplina passa a estar nos currículos do 7º e do 8º anos.
Outro
dos aspectos enunciados pelo Ministério da
Educação é a possibilidade de as escolas gerirem um crédito de horas – “em
função de factores tais como a eficiente gestão de recursos e o número de
turmas” – em que poderá ser inserida oferta de componente curricular
complementar. Alguns dos exemplos dessa componente são Educação para a Saúde,
Educação para o Empreendedorismo, Educação para o Consumo ou Educação
Cívica.
Isto porque a Educação para a Cidadania mantém-se “como intenção
educativa em todas as áreas curriculares, mas não como disciplina isolada”.
Ainda a acrescentar às novidades da nova organização curricular está a
autonomia curricular das escolas com a possibilidade de definir a duração dos
blocos de aulas. Até aqui, as aulas organizavam-se em unidades de 45 minutos. No
próximo ano lectivo, o número passa a ser definido pelos estabelecimentos de
ensino, que podem, por exemplo, regressar às aulas de 60 minutos, desde que
cumpram o mínimo definido para cada disciplina e o máximo para a carga horária
total.
O que ainda está a ser feito O ministério
de Nuno Crato anunciou que continua a trabalhar na definição de objectivos
"claros, rigorosos, mensuráveis e avaliáveis", por novas metas curriculares.
Além disso, será actualizado o leque de opções de formação específica no
Ensino Secundário, "tendo em conta o prosseguimento de estudos e as necessidades
do mercado de trabalho".
O que muda no próximo ano em cada
ciclo?
Primeiro
ciclo A principal novidade é a inclusão, em
2012-2013, de provas finais no quarto ano a Português e a Matemática, de modo a
“promover o rigor na avaliação”.
Segundo ciclo
Obrigatoriedade de escolha de Inglês no quinto ano, sem possibilidade de
frequentar outra língua estrangeira.
Educação Visual e Tecnológica deixa
de existir e divide-se em duas disciplinas: Educação Visual e em Educação
Tecnológica.
Oferta de Apoio Diário ao Estudo, uma área que as escolas
terão de oferecer, embora a frequência seja facultativa para os alunos, que
serão indicados pelo Conselho de Turma e pelos encarregados de educação.
Terceiro ciclo
Antecipação das TIC para o 7º e
8º anos, em detrimento do 9º, onde está incluída actualmente.
Reforço da
carga curricular para História e Geografia.
Reforço da carga curricular
para Ciências Naturais e Ciências Física-Química.
Obrigatoriedade de
escolha de Inglês como primeira língua estrangeira e manutenção de uma segunda
língua estrangeira.
Ensino Secundário Reforço de Português no 12º ano.
De acordo com o ministro, que hoje apresentou a versão final da revisão da
estrutura curricular do ensino Básico e Secundário, as notas daquelas provas
deverão valer cerca de 30 por cento na classificação do aluno no fim do ano
letivo.
«Em relação à Formação Cívica deixamos a decisão às escolas. Nós permitimos
às escolas que utilizem aquele tempo letivo, se o quiserem, especificamente para
a Formação Cívica, mas também alertamos que não é pelo facto de haver esta
disciplina que se faz educação cívica. A educação cívica é algo que deve ser
feito em todas as aulas», afirmou.
Os diretores das escolas vão também ter o poder mais genérico e abrangente. Por
exemplo, a duração de cada aula vai ser decidida individualmente por cada
escola.
«Atualmente, as aulas são dadas em tempos de 45 minutos ou múltiplos de 45
minutos. Não há razão nenhuma para isso acontecer. Foi um assunto muito
discutido em tempos e nós vamos dar autonomia às aulas para organizarem os
tempos letivos da forma que melhor entenderem», anunciou Nuno Crato.
«Portanto, se uma escola achar que os tempos de 50 minutos são melhores que
os tempos de 45, ou achar que os tempos de 60 minutos são melhores que os de 50,
aquilo que seja, a escola vai ter liberdade para o organizar», exemplificou.
Confirmado nesta revisão curricular fica ainda o reforço das disciplinas
ditas «fundamentais», como a História, a Matemática ou o Português, e o Inglês
passa a ser disciplina obrigatória durante cinco anos