domingo, 1 de janeiro de 2012

Novas Taxas a partir de 1 de janeiro

O que muda a partir de ...hoje... 1 de Janeiro de 2012...

Comecemos pelo essencial, a saúde... todos nós precisamos de boa saúde para aguentar as novas taxas e cortes orçamentais...nada melhor do que sabermos qual o preço da nossa saúde...ou da saúde de quem pode pagar...


Best of Paços Coelho

Durante 2010 e 2011, Pedro Passos Coelho disse que sim, disse que não e disse o contrário. Durante várias semanas recolhi, compilei e compus as melhores declarações deste extraordinário homem. Hoje, tenho o prazer de apresentar os melhores momentos de Pedro Passos Coelho (e o Rodrigo Moita de Deus há-de desculpar o roubo descarado deste texto).
Adenda: Especialmente esclarecedoras as afirmações deste extraordinário homem, nos últimos 2 anos, após a declaração ao país acerca do Orçamento de Estado para 2012.

Após o Testemunho...

Sábado, 31 de Dezembro de 2011
MYRIAM ZALUAR VS. ASSUNÇÃO ESTEVES – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES AMARGAMENTE SARCÁSTICAS – por Paulo Rato
Há poucos dias, comparavam-se aqui as situações de Myriam Zaluar, filha de um exilado anti-fascista, docente, doutoranda e investigadora (não efectiva) da Universidade do Minho, com notáveis habilitações académicas e profissionais, dois filhos e um rendimento anual de 4000 €, a propósito de uma sua carta ao PM, e de Assunção Esteves, militante do PSD e actual Presidente da AR, jurista com uma carreira exclusivamente política (foi “juíza” do Tribunal Constitucional por designação do seu partido), cujo rendimento é 36 vezes superior.
Comentários para quê? A Dra. Assunção e seus correligionários são "artistas portugueses" e usam... não a Pasta Medicinal Couto do velhinho anúncio, com cadeira nos dentes, mas de todos os expedientes em que possam ferrar o dente (como o artista da cadeira...) p’ra fazerem p'la vidinha, qu’é p'ra isso qu’eles estão neste Mundo (mesmo os que que fingem que acreditam noutro, missa dominical e tal…) e se dedicaram à actividade política, da boa, da neo-liberal genuína, com marca na ourela. Como é o caso da Dra. Esteves, tão considerada, tão incensada, tão sábia e boazinha e competentezinha — um… ixpanto! — tão, tão, ai! mas tão... que deve estar, coitadinha, como todos os colegas das bancadas do lado direito da AR e o Sr. PM mai-los seus ministros e secretários d'Estado e assessores e secretárias e chefes-de-gabinete, tão dedicados à "causa" (qual, é que eu não sei...), a fazer enormes sacrifícios, todas estas criaturas devem estar a sacrificar-se imenso (já pensei em levar-lhes um cabazinho com vitualhas p'ra eles e a família comerem, coitadinhos, o PM vê-se mesmo que passa fome, o Gaspar, então, nem se fala, nem forças tem p’ra falar, nem p’ra tratar da doença pulmonar crónica de que deve sofrer, o Álvaro das economias parece mais cheiinho, mas o qu'ele está é inchado, d'alguma doença má, qu’esconde p'ra poder continuar ao serviço de todos nós e da "taralhóika", pobrezinho, qu'inda falece praí, para nossa satisfaç... p'ra nosso prefundo desgosto, quer dizer! Aquilo, neste governo, é pior que no antigo Casal Ventoso, onde, diz-se, se passava munta fominha, qu'aquela gente era munto carenciada, só se safavam os que traficavam drog... bem, mas isto não vem nada a propósito dos senhores ministros, nem dos seus tráficos, que acho que são duma droga chamada "influências", muito boa prá tuberculose.
Essa irresponsável da carta é uma peste, uuh!, primeiro porque quis ser professora e investigadora — duas actividades muito suspeitas — e, depois porque nem deve ter tido a esperteza de s'inscrever num dos partidos do "centrão"!
Pois! As pessoas não têm cuidado — estudam, em vez de se treinarem no conto-do-vigário, querem ensinar coisas a criancinhas e jovens que não servem de nada aos ditos cujos, pois não incluem disciplinas de assalto por escalamento e outras matérias úteis, se calhar nem lhes explicam cuqué fundamental prá carreira é o cartão dum partido civilizado, bem comportado, obediente e submisso às "taralhóikas" e directivas da UE, paridas com tanto esforço e suor, em actividades nocturnas, pela firma franco-alemã "Sarkel" — e é por estas e por outras que os últimos governos se atiraram aos professores que nem gato a bofe, funcionários públicos ‘inda por cima, puhhh! E, agora, ainda tem que vir o PM sugerir-lhes que emigrem, pois no ano passado só emigraram 120 mil lusos e assim não pode ser! Cum’é que se vai governar tanta gente qu’inda cá está e que resmunga e faz greve (ui!) só porque lhe tiram metade do subsídio (o que val’é que, pró ano, é todo!), lhe carregam com mais uns impostozitos, mais umas taxas moderadoras qu’amarinham pró dobro p’ra não terem a mania qu’estão doentes, aliás é preciso “tirar as gorduras” (= médicos+enfermeiros+auxiliares+…) do rai’ dos hospitais e mais umas coisinhas assim — ó Relvas e num t’esqueças de privatizar o canal, que sempre são menos uns p’ra reportar coisas feias e gente descontente — que nunca ‘tão sast’feitos, porr…!
É que s’isto continua e ainda sobra gente p’ra se manifestar e levar porrada duns polícias à paisana, p’ra ver se s’entusiasmam a emigrar mais depressa, se o PM inté tem de viajar em turística p’ra fingir que poupa e o da vespa já nem pode ter um carro de luxo, ond´é qu’isto vai parar?! É que os marqueteiros já nem sabem o qu’inventar p’ra levar o pessoal ao engano!
E se essa professora-investigadora (ele há gentinha que desperdiça os neurónios com cada coisa, que nem dá dinheiro!) pensa qu’incomoda o PM e seu acólitos, desengane-se: a vergonha, a honradez ou a dignidade são desconhecidas lá no sítio – e s’alguém suspeita de que existem, é expulso!
Quanto ao que eu penso da actual situação político-social e da catástrofe em que, fatalmente, irá desembocar, se esta cambada (nacional, uniónicó-europeia, efeémica e taralhóika não tiver um ataque de inteligência e perceber que, quando isto chegar ao nível da miséria e descontrolo total, também os seus baços membros serão rucidados, só faltando saber por que tipo de monstro…), já o disse e repeti. A única diferença é que já vai havendo uns senhores importantes, dos que vão à televisão e escrevem para os jornais, que também se vão apercebendo disto e lançando uns avisos.

Comentário: Falta só dizer aos mais distráidos que senhora assunção reformou-se aos 42 anos porque estava muito cansada...que há-de dizer a Myriam e todos nós...

Um testemunho de vida!

Aqui fica o nosso primeiro post de 2012...



Novo Ano... muitas são as nossas expectativas e desejos para este 2012, certamente que o maior desejo de todos nós se prende com as grandes dificuldades que temos sentido com a adversidade, precariedade, instabilidade profissional e consequentemente financeira...
Fica aqui um testemunho onde muitos de nós se reflecte de uma pessoa que não quis deixar de enviar uma mensagem do ao o Primeiro Ministro Paços Coelho, digno de se ler.
"Exmo Senhor Primeiro Ministro
Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome “de guerra”. Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.
Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.
Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.
Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. “És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro.” – disseram-me – “Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção”. Fiquei.
Aos 27 anos conheci a parteira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. “Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante”. Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira ‘congelada’. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como “nativa”. Tinha como ordenado ‘fixo’ 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas…
Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci – felizmente! – também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.
Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.
Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar…
Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores – e cada vez mais raros – valores: um ser humano em formação.
Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.
Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro
e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus

Myriam Zaluar, 19/12/2011


Bom Ano a todos!